terça-feira, 24 de março de 2009

Incansável movimento de rotação


Muitas pessoas dizem não gostar de “alegorias” quando falamos de Deus. Ou seja, coisas simbólicas que comparamos às coisas de Deus para que nos ajudem a entendê-Lo um pouco mais. Respeito essa visão. Mas penso diferente.
A cada manhã as coisas naturais me ajudam a descobrir o sobrenatural.
Assim é a minha vida. Deus fala comigo de maneiras tão irreverentes que eu mesma me surpreendo.
Esses dias, descobri que o amor de Deus é igualzinho ao movimento da Terra.
Fiquei pensando silenciosamente: A Terra já está tão velha... Há bilhões de anos faz a mesma coisa: gira. E, se um dia, um diazinho sequer, ela simplesmente não girasse? Comparado a todos os anos que ela já girou isso não significaria absolutamente nada. O problema seria é nosso.
Uma simples interrupção no movimento e os mares seriam bagunçados e provavelmente invadiriam a costa. Uma pequena pausa e estaríamos ferrados.
Mas a Terra não pára. Gira, gira e gira. Não dá defeito, não se cansa.
Em meio às minhas viagens hipotéticas Deus ia falando no meu ouvido.
O amor Dele é assim. Ama, ama e não se cansa.
Se um diazinho sequer interrompesse o seu amor estaríamos ferrados, e ferrados pra valer.
Mas o amor de Deus não pára.
Ao contrário. Passam-se os dias, os anos, os séculos, as pessoas cometem os mesmos erros, mas o movimento não pára.
Nossa preocupação com Deus também se parece muito com a preocupação que temos com a Terra. Só quando as coisas começam a desabar que abrimos os olhos e enxergamos que dependemos dela para sobreviver.
Espero não precisar de um aquecimento global na vida para olhar para Deus.
Pretendo continuar fazendo parte de um “Greenpeace místico”. Cuidar e olhar para Deus enquanto não acontece nenhuma catástrofe.
É melhor assim.



sexta-feira, 6 de março de 2009

Mera coincidência


Uma chance.
Só uma chance.
Como ainda não inventaram máquina do tempo e reencarnação ainda é uma invenção, de fato, só temos uma chance.
Não dá para voltar ao passado nem esperar outra vida para evoluir como pessoa.
A vida é única e único é o nosso hoje.
Santa Teresinha já dizia: “Minha vida é um brevíssimo segundo, para amar-Te não tenho nada mais que hoje.”
É a teoria renatorussiana do “como se não houvesse amanhã”.
Sabem das coisas esses dois...
Meu Deus... a vida passa pela gente tão depressa e, se não a olhamos de frente, ela passa sozinha.
Eu quero agarrar a vida!
Sim!
Quero vivê-la tão intensamente quanto posso, ou quanto me é concedido.
Quero amar, quero pensar que não existe amanhã.
Quero dar um abraço de urso na vida todos os dias.
É tão fácil viver numa consciência de que teremos outra chance... É tão fácil deixar o meu perdão para amanhã. É tão confortável adiar minha mudança.
Viver assim é mesquinho. E por mais que “não ter nada mais que hoje” nos pressione a uma melhora, eu prefiro viver assim.
Os monges antigos possuíam uma tradição estranha. Cumprimentavam-se esquisito. Ao passar um pelo outro, um dizia: “Você vai morrer!”, e o outro respondia: “Carpe diem!” – Aproveite o dia.
Tão clichê... tão verdade.
Talvez essa seja a fórmula mágica da felicidade: não deixar a vida passar por nós sem que a abracemos apertado.
E a vida que falo não se trata de algo abstrato. A vida são pessoas.
Abraçar a vida é abraçar pessoas, e com elas aprender a ser feliz.
Abraçar a vida é abraçar a Amanda, a Ana, o Jader, o Guilherme. E não deixar que eles se esqueçam de que compõem a vida. Não deixar que eles passem por mim sem se lembrarem que são amados.
Uma outra Teresa também pensava assim... (a de Calcutá).
Ela puxava nossas orelhas: “Nunca permita que alguém saia de sua presença sem que se sinta de alguma forma melhor ou mais feliz.”
Não sei ao certo de quem é a teoria da única chance, mas uma coisa eu sei.
A consciência de que a vida é uma só nos impulsiona para torná-la inesquecível.
Se quiserem prova do que falo basta olhar para a vida dessas Teresas e desse Renato. Vidas completamente diferentes e, no entanto, impossíveis de serem esquecidas pela única coisa que têm em comum: sua autenticidade.
Só temos uma chance.